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III-Literatura Portuguesa:

Esse resumo serve como uma ajuda a ter base do que precisa ser estudado, portanto, ele não exclui o fato de que você deve estudar os tópicos separadamente por um livro. Ele serve para revisão, portanto, está com os fatos que considero mais importante.

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a-) Trovadorismo:

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Ex:

Cantiga de amor

 i eu coitad! E por que vi
a dona que por meu mal vi!
Ca Deus lo sabe, poila vi,
nunca já mais prazer ar vi;
ca de quantas donas eu vi,
tam bõa dona nunca vi. 

Tam comprida de todo bem,
per boa fé, esto sei bem,
se Nostro Senhor me dê bem
dela! Que eu quero gram bem,
per boa fé, nom por meu bem!
Ca pero que lh’eu quero bem,
non sabe ca lhe quero bem.

Ca lho nego pola veer,
pero nona posso veer!

Mais Deus, que mi a fezo veer,
rogu’eu que mi a faça veer;
e se mi a non fazer veer.
Sei bem que non posso veer
prazer nunca sem a veer. 

Ca lhe quero melhor ca mim,
pero non o sabe per mim,
a que eu vi por mal de mi[m]. 

Nem outre já, mentr’ eu o sem
houver; mais s perder o sem,
dire[i]-o com mingua de sem; 

Ca vedes que ouço dizer
que mingua de sem faz dizer
a home o que non quer dizer!

 

Cantigas de amigo:

Mal me tragedes, ai filha,
porque quer ‘ aver amigo
e pois eu com vosso medo
non o ei, nen é comigo,
no ajade-la mia graça
e dê-vos Deus, ai mia filha,
filha que vos assi faça,
filha que vos assi faça. 

Sabedes ca sen amigo
nunca foi molher viçosa,
e, porque mi-o non leixades
ver, mia filha fremosa,
no ajade-la mia graça
e dê-vos Deus, ai mia filha,
filha que vos assi faça,
filha que vos assi faça.

Pois eu non ei meu amigo,
non ei ren do que desejo,
mais, pois que mi por vós v~eo
Mia filha, que o non vejo,
no ajade-la mia graça
e dê-vos Deus, ai mia filha,
filha que vos assi faça,
filha que vos assi faça.

Por vós perdi meu amigo,
por que gran coita padesco,
e, pois que mi-o vós tolhestes
e melhor ca vós paresco
no ajade-la mia graça
e dê-vos Deus, ai mia filha,
filha que vos assi faça,
filha que vos assi faça

 

Cantigas de maldizer:

Marinha, o teu folgar
tenho eu por desacertado,
e ando maravilhado
de te não ver rebentar;
pois tapo com esta minha
boca, a tua boca, Marinha;
e com este nariz meu,
tapo eu, Marinha, o teu;

com as mãos tapo as orelhas,
os olhos e as sobrancelhas,
tapo-te ao primeiro sono;
com a minha piça o teu cono;
e como o não faz nenhum,
com os colhões te tapo o cu.
E não rebentas, Marinha? 

 

Não podemos esquecer que todas essas cantigas eram musicadas. Os trovadores as cantavam, acompanhados de um ou vários instrumentos musicais. E, em algumas situações, elas podiam, inclusive, ser dançadas.

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Infelizmente, muitas dessas cantigas acabaram desaparecendo, já que eram transmitidas também por via oral. Alguns manuscritos, contudo, foram compilados em obras a que damos o nome de "cancioneiros", quase sempre graças às ordens dos reis. Assim, as cantigas hoje existentes podem ser encontradas em três cancioneiros:

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      Cancioneiro da Ajuda (composto no reinado de Afonso 3º, no final do século 13, tem 310 cantigas, a maioria de amor;
      Cancioneiro da Biblioteca Nacional (ou Cancioneiro Colocci-Brancuti): contem 1.647 cantigas, de todos os tipos, elaboradas por trovadores dos reinados de Afonso 3º e dom Dinis.
      Cancioneiro da Vaticana: possui 1.205 cantigas de todos os tipos.

Entre os principais trovadores, devemos citar: João Soares Paiva, Paio Soares de Taveirós, dom Dinis (que deixou cerca de 140 cantigas líricas e satíricas), João Garcia de Guilhade e Martim Codax.

De todas as cantigas existentes, apenas 13 são acompanhadas de notação musical.

 

 

b-) Humanismo (1434 – 1527):

Contexto: Revolução de Avis e Mercantilismo

Características: Transição entre teocentrismo e antropocentrismo

  • Medida velha : 5 ( redondilho menor )

  • 7 ( redondilho maior )

 

  • Medida nova : 10 decassílabo

  • 12 dodecassílabos/alexandrinos

Gil Vicente (1465 – 1537):

  • Influente na corte portuguesa

  • Encenações litúrgicas, não havia texto dramático.

  • Não seguia a lei das três unidades (tempo, espaço, ação).

  • Encenações profanas

  • Obras: Auto da barca do inferno, Farsa de Inês Pereira.

  • Ridendo castigat mores – rindo corrigem-se costumes

Obs.: Personagem tipo – classe social ou profissional

Personagem psicológico: mesmo traço psíquico

Personagem alegórico: personifica ideias ou instituições

Autos: moralizantes

Farsas: retratos de humanos para criticas

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Farsa de Inês Pereira:


Inês Pereira é uma moça bonita e solteira que se vê obrigada a passar o dia em meio às tarefas domésticas. Inês sempre fica se queixando e vê no casamento a chance de se livrar dessa vida. Ela idealiza o noivo como sendo um moço bem educado, cavalheiro, que soubesse cantar e dançar, enfim, que fosse um fidalgo capaz de lhe dar uma vida feliz.

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Um dia, Lianor Vaz, a casamenteira, chega na casa de Inês dizendo que havia sido atacada por um clérigo, mas que conseguira escapar. Lianor, porém, foi à casa da moça para relatar que Pero Marques, um rico camponês, quer se casar com Inês. A moça, então, lê a carta que Pero escreveu com suas intenções de casamento, mas ela não se conforma com a rusticidade do moço e concorda em recebe-lo só para rir da cara dele.

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Lianor vai então buscar Pero e, enquanto isso, a mãe de Inês a aconselha a receber bem o pretendente. Quando o moço chega, ele se comporta de modo ridículo e demonstra não ter nenhum traquejo social. Vendo-se à sós com Pero, Inês o desencoraja quanto ao casamento e o moço vai embora. Nisso, ela informa à mãe que havia contratado dois judeus casamenteiros para encontrar um noive que tivesse boas maneiras.

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Entra em cena Latão e Vidal, os dois judeus casamenteiros, que vieram oferecer Brás da Mata, um escudeiro. Armado o encontro entre os dois jovens, Brás da Mata planeja ir à casa de Inês acompanhado de seu criado, o Moço, e os dois combinam contar uma série de mentiras para enganar a moça e conseguirem dar o “golpe do baú”. Já na casa de Inês, Brás da Mata age conforme ela queria: a trata de modo distinto com belas palavras, pega a viola e canta. Ele a pede em casamento, mas a mãe diz que a moça não deve fazê-lo, ao que os judeus contra-argumentam elogiando Brás de todas as formas.

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Os dois se casam e a mãe presenteia os noivos com a casa. À sós com Brás, Inês começa a cantar de felicidade, mas ele se irrita e manda que ela fique quieta. Brás começa, então, a impor uma série de regras e exige que a moça fique trancada o dia inteiro em casa, proibindo-a até mesmo de olhar pela janela e de ir à missa. Pouco tempo depois, Brás informa ao Moço que partiria para a guerra, ordenando que ele vigiasse Inês e que ela deveria ficar trancada à chaves dentro de casa. Trancada em casa e não fazendo nada além de costurar, Inês lamenta e sua sorte e deseja a morte do marido para que pudesse mudar seu destino.

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Passado algum tempo, Moço aparece com uma carta do irmão de Inês onde ele informa que Brás havia morrido covardemente tentando fugir do combate. Feliz, Inês despede Moço, que vai embora lamentando seu azar. Então, sabendo que Inês havia ficado viúva, Lianor Vaz retorna oferecendo novamente Pero Marques como novo marido. Dessa vez Inês aceita e os dois se casam.

Com a ampla liberdade que o marido lhe dava, Inês parecia levar a vida que sempre desejou. Um dia, chega em sua casa um Ermitão a pedir esmola e Inês vai atende-lo. Porém, este é um falso padre e o deus que ele venerava, na realidade, ela o Cupido. Inês reconhece o moço, que havia sido um antigo namorado seu. Ele diz que só havia se tornado ermitão porque ela o havia abandonado e começa a se insinuar para Inês, acariciando-a e pedindo um encontro entre os dois. Ela aceita e os dois marcam um encontro.

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No dia marcado, Inês pede a Pero Marques que a levasse à ermida dizendo que era por devoção religiosa. O marido consente e os dois partem de imediato. Para atravessar um rio que havia no meio do caminho, Pero Marques carrega a mulher nas costas e essa vai cantando uma canção alusiva à infidelidade dela ao marido e à mansidão dele. Pero segue cantando o refrão, terminando como um tolo enganado.

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Auto da Barca do Inferno

Características Gerais da Peça:

 

Versos heptassílabos, em tom coloquial. Cada personagem apresenta, através da fala, traços que denunciam sua condição social. Peça teatral em um único ato, subdividido em cenas marcadas pelos diálogos que o Anjo ou o Diabo travam com os personagem. Se passa num ancoradouro, no qual estão atracadas duas barcas. Todos os mortos passam pelas barcas, sendo julgados e condenados ou à barca da Glória ou à barca do Inferno.

 

Diabo: conhece muito bem cada um dos personagens que lhe cai às mãos; é zombeteiro, irônico e bom argumentador. Gil Vicente não descreve o Diabo como responsável pelos fracassos e males humanos; o Diabo é um juiz, que exibe o lado mais recôndito dos personagens, revelando o que cada um deles procura esconder.

 

Fidalgo: nobreza. Chega com um pajem, vestido com roupas solenes e uma cadeira. É condenado por sua vida pecaminosa, em que a luxúria, a tirania e a falta de modéstia pesam como graves defeitos. A figura do Fidalgo, orgulhoso e arrogante, permite a crítica vicentina à nobreza. 

 

Onzeneiro (agiota): usuário que alega ter deixado suas posses em terra; querendo buscá-las, revela seu apego às coisas mundanas. O Diabo não quer que ele volte à terra para reaver suas riquezas, condenando-o ao fogo do Inferno. 

 

Parvo (ingênuo, tolo): ele escapa do Inferno. É uma alma pura, cujos valores são legítimos e sinceros, o que o conduz ao Paraíso. Em várias passagens da peça, o Parvo ironiza a pretensão de outros personagens, que se querem passar por "inocentes" diante do Diabo.

 

Sapateiro: representante dos mestres de ofício, é um desonesto explorador do povo. Chega com todos os aparatos de sua profissão e, habituado a ludibriar os homens, tenta enganar o Diabo, que o condena ao fogo eterno.

 

Frade: é acompanhado de uma amante. Ele é alegre, risonho, cantante, mas mau-caráter. Ele se acha inocente por ser membro da Igreja, por ter rezado e estar a serviço da fé. Ele dá uma lição de esgrima ao Diabo (que finge não saber manejar uma arma), o que prova a culpa do espadachim, já que frades não lidam com armas. A crítica vicentina ao clero é incisiva: os homens da fé não sabem ser pacíficos, verdadeiros nem bons.

 

Brísida Vaz: agenciadora de meretrizes e feiticeira. Ela é conhecida de outros personagens, que utilizaram em vida seus serviços. Inescrupulosa, traiçoeira, cheia de ardis, não consegue fugir à condenação.

 

Judeu: traz um bode. Não obedece à doutrina cristã e é detestado por todos, inclusive pelo próprio Diabo, que num primeiro momento nem o aceita em sua barca. Depois de ser recusado também pelo anjo da barca da Glória, o judeu finalmente é aceito pelo Diabo, entretanto ele não entra na barca: ele é rebocado junto com o seu bode. 

 

Corregedor e Procurador: juiz e advogado, personagens condenados pela imoralidade. Eles faziam da lei uma fonte de ganhos ilícitos e de manipulação de sentenças, dadas conforme as propinas recebidas.

 

Enforcado: acredita que a morte na forca o redime de seus pecados, mas ele é condenado ao inferno.

 

 

Cavaleiros cruzados: como lutaram contra os mouros em prol do triunfo da fé, são conduzidos à barca da Glória.

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c-)Classicismo (1527–1580 ) :

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Contexto: período de prosperidade, império português, riqueza e poder, importante centro econômico, sentimento de nacionalidade, ampliação do conhecimento cientifico do mundo.

 

  • Rei Sebastião sem herdeiro e morre em guerra em Quibir, trono assumido por espanhol.

Sebastianismo: mito de que Dom Sebastião iria voltar e Portugal seria uma potência.

 

  • Antropocentrismo- Deus não está mais no centro

  • Racionalidade

  • Ideal estético greco-latino

  • Expressão do renascimento

  • Medida nova

  • Bifrontíssimo (não exclui a medida velha)

  • Verossimilhança

  • Sonetos ( 2 quartetos e 2 tercetos )

  • Metrificação ( racionalidade)

  • Fusionismo ( racional x cristianismo)

  • Universalismo ( o bem , belo , verdade e perfeição )

  • Soneto – 4 estrofes e 14 versos. 

  • Terceto – estrofe de três versos com rima entre cruzada ABA BCB CDC.

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  • Camões: pode ser dividido em obra lírica e obra épica:

Obra lírica :

  • Fugacidade dos bens da vida

  • Desconcerto do mundo

  • Amor neoplatonismo

  • Frustrações amorosas

  • Morte

  • Maneirista ( indica componentes barrocos devido a visão atormentada e desilusões

  • Uso de motes (ditado) e glosas (estrofes)

  • Poesia madrigalesca, brincalhona destina-se á recitação na corte

  • cancioneiro

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Lírica clássica - medida nova

  • Soneto petrarquiano

  • Decassílabo ABBA ABBA CDC DCD OU CDE CDE

  • Cadências (6-10) decassílabos heroicos; (4-8-10) decassílabos sáficos, ou seja, onde está a sílaba tônica

  • Último verso: chave de ouro - fecha a reflexão ou abre para outra reflexão

  • Neoplatonismo - o real e o ideal

  • Paradoxo : o amor x querer

  • Razão e emoção

  • Pré-barroco - mudança, fugacidade do tempo, renovar-se da natureza ( marca pessoal chamada de maneirismo)

           Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;

É solitário andar por entre a gente;

É nunca contentar-se de contente;

É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;

É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões

 

Obra épica : “ Os lusíadas “ - 1572

  • Epopeia – narração grandiosa e heroica

  • Dedicação a São Sebastião

  • Hipérbato: Não é contada na ordem cronológica, mas ela se inicia no meio da viagem moçambique . Vasco da Gama conta ao rei de Melinda a história de Portugal até ali.

  • O povo português, seus navegadores e rei são heróis

  • Descobrimento do caminho marítimo ás índias

  • 1102 estrofes de oitava rima

  • 8816 versos decassílabos-heroicos (6-10)

  • 10 cantos

  • Invocação ás tágides : ninfas do rio tejo

  • Nacionalismo

  • Tradição clássica : caliope

Capitulo de os lusíadas e episódios notáveis:

  • Concilio dos Deuses no Olimpo - reunião de cúpula , o Eu épico camoniado                                                       Fusionismo religioso- paganismo e cristianismo

  • Inês de Castro - simboliza força do amor

  • O velho do restelo - contrário aos navegadores, pois era contrário aos interesses expansionistas da burguesia,pois quem iam eram os camponeses e quem recebiam a glória era os nobres e clero

  • O gigante Adamastor- Personificação dCabo das Tormentas ou cabo da Boa Esperança

  • Ilha dos amores- Recompensa de Vênus, Tétis mostra a máquina do mundo ( lugares que Portugal iria conquistar)

 

d-) Barroco ou seiscentismo (1601 – 1768) – “o belo retorcido “

Contexto:

  • Reforma protestante

  • 1517 – Lutero 95 teses

  • Salvação – vida regrada, religiosa, arrependimento dos pecados

  • Diminuição dos poderes dos padres

  • Calvino acreditava que lucro não era pecado. Desta forma, contribuiu para o Crescimento do mercantilismo, pois a burguesia seria beneficiada.

  • Contrarreforma

  • Concílio de Trento – 1545 – Tribunal do Santo Oficio (Sagrada Inquisição)

  • Índice de livros proibidos (INDEX)

  • Companhia de Jesus (Jesuítas)

  • 1580 – 1640 – Domínio Espanhol

  • Antropocentrismo (renascimento) x Teocentrismo (contrarreforma)

  • Angustia de um ser humano atormentado por grandes dúvidas existenciais

  • Forte presença de religiosidade cristã

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Características:

  • Fusionismo: visão medieval x visão renascentista (União de opostos)

  • Impulsos contraditórios: culto do contraste do conflito

  • Carne x espirito, pecado x perdão, juventude x velhice, céu x terra, erotismo x espiritualidade

  • Pintura: luz e sombra

  • Ex:

  • Literatura: Uso de Antíteses (Tem sentido) e Paradoxos (Oximoros)

  • Ex:

  • Pessimismo: vida terrena sofrida em oposição à felicidade e gloria celestial

  • Miséria da condição humana, aspectos cruéis dolorosas

  • Rebuscamento: figuras de linguagem (metáfora) linguagem culta e trabalhada, repleta de imagem, oximoro

  • Surpreender o leitor pelo virtuosismo com as palavras com a engenhosidade do poeta

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Correntes:

Cultismo ou gongorismo (1561 – 1627):

  • Luís De Gongora

  • Poesia sensorial

  • Três artifícios: jogos de palavras (trocadilhos, sinonímia, antonímia) ; jogos de imagem ( uso de figura de linguagem , alegoria ); jogos de construção ( estruturação sintática elaborada ) .Obs. mais importante a forma que o conteúdo

 Por exemplo o hino nacional ser hipérbato do barroco, ou seja, não está na ordem direta

 

Conceptismo ou quevedismo (1580 – 1645):

  • Francisto Queveda

  • Texto em prosa (Sermões do Padre Antônio Vieira)

  • Construção intelectual, valorizando o conteúdo

  • Jogo de ideias: silogismo (premissas e conclusão); sofisma (parte de premissas verdadeiras e chega a uma conclusão inadmissível)

 

  1. : Conceptismo e cultismo não se opõem, buscam o mesmo fim , ou seja , criar artifícios de linguagem que revelem agudeza e engenho. Podem estar ambos em um mesmo texto

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       Padre Antônio Vieira (1608-1697)

  • Unidade do assunto

  • Circularidade do movimento

  • Divisão em 5 partes , modelo tradicional de retórica

    Tema: citação biblica que ilustre o assunto

     Introito: expõe o plano sobre o qual se desenvolverá o sermão

     Invocação: pede proteção e inspiração divina

     Argumentação: discorre sobre o tema, exemplificando e pensando em todas as possibilidades de contestação

     Peroração ou epílogo: conclusão

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      Sermão da Sexagésima ( sermão da palavra de Deus)

  • Metalínguagem

  • Crítica aos pregadores que preocupam a enfeitar a linguagem

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e-) Arcadismo

 

O Arcadismo, também conhecido como Setecentismo ou Neoclacissismo, é o movimento que compreende a produção literária brasileira na segunda metade do século XVIII. O nome faz r

eferência à Arcádia, região do sul da Grécia que, por sua vez, foi nomeada em referência ao semideus Arcas (filho de Zeus e Calisto).

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Denota-se, logo de início, as referências à mitologia grega que perpassa o movimento.

 

Profundas mudanças no contexto histórico mundial caracterizam o período, tais como a ascensão do Iluminismo, que pressupunha o racionalismo, o progresso e as ciências. Na América do Norte, ocorre a Independência dos Estados Unidos, em 1776, abrindo caminho para vários movimentos de independência ao longo de toda a América, como foi o caso do Brasil, que presenciou inúmeras revoluções e inconfidências até a chegada da Família Real em 1808.

 

O movimento tem características reformistas, pois seu intuito era o de dar novos ares às artes e ao ensino, aos hábitos e atitudes da época. A aristocracia em declínio viu sua riqueza esvair-se e dar lugar a uma nova organizaçõ econômica liderada pelo pensamento burguês.

Ao passo que os textos produzidos no período convencionado de Quinhentismo sofreram influência direta de Portugal e aqueles produzidos durante o Barroco, da cultura espanhola, os do Arcadismo, por sua vez, foram influenciados pela cultura francesa devido aos acontecimentos movidos pela burguesia que sacudiram toda a Europa (e o mundo Ocidental).

 

Segundo o crítico Alfredo Bosi em seu livro História Concisa da Literatura Brasileira (São Paulo: editora Cultrix, 2006) houve dois momentos do Arcadismo no Brasil:

 

a) poético: retorno à tradição clássica com a utilização dos seus modelos, e valorização da natureza e da mitologia.

 

b) ideológico: influenciados pela filosofia presente no Iluminismo, que traduz a crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero.

Seus principais autores são Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da Gama e Santa Rita Durão. No Brasil, o ano convencionado para o início do Arcadismo é 1768, quando houve a publicação de Obras, do poeta Claudio Manoel da Costa.

 

Arcádia Ultramarina

Trata-se de uma sociedade literária fundada na cidade de Vila Rica (MG), influenciada pela Arcádia italiana (fundada em 1690) e cujos membros adotavam pseudônimos, isto é, nomes artísticos, de pastores cantados na poesia grega ou latina. Por isso que alguns dos principais nomes do Arcadismo brasileiro publicavam suas obras com nomes inspirados na mitologia grega e romana.

 

Principais características

- inspiração nos modelos clássicos greco-latinos e renascentistas, como por exemplo, em O Uruguai (gênero épico), em Marília de Dirceu (gênero lírico) e em Cartas Chilenas (gênero satírico);

- influência da filosofia francesa;

- mitologia pagã como elemento estético;

- o bom selvagem, expressão do filósofo Jean-Jacques Rousseau, denota a pureza dos nativos da terra fazem menção à natureza e à busca pela vida simples, bucólica e pastoril;

- tensão entre o burguês culto, da cidade, contra a aristocracia;

- pastoralismo: poetas simples e humildes;

- bucolismo: busca pelos valores da natureza;

- nativismo: referências à terra e ao mundo natural;

- tom confessional;

- estado de espírito de espontaneidade dos sentimentos;

- exaltação da pureza, da ingenuidade e da beleza.

 

Termos em latim

O uso de expressões em latim era comum no neoclacisssimo. Elas estavam associados ao estilo de vida simples e bucólico. Conheça algumas delas:

 

Inutilia truncat: "cortar o inútil", referência aos excessos cometidos pelas obras do barroco. No arcadismo, os poetas primavam pela simplicidade.

Fugere urbem: "fugir da cidade", do escritor clássico Horácio;

Locus amoenus: "lugar ameno", um refúgio ameno em detrimento dos centros urbanos monárquicos;

Carpe diem: "aproveitar a vida", o pastor, ciente da efemeridade do tempo, convida sua amada a aproveitar o momento presente.

 

Cabe ressaltar, no entanto, que os membros da Arcádia eram todos burgueses e habitantes dos centros urbanos. Por isso a eles são atribuídos um fingimento poético, isto é, a simulação de sentimentos fictícios.

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Apenas vi do dia a luz brilhante
Lá de Túbal no empório celebrado,
Em sanguíneo carácter foi marcado
Pelos Destinos meu primeiro instante.

Aos dois lustros a morte devorante
Me roubou, terna mãe, teu doce agrado;
Segui Marte depois, e enfim meu fado,
Dos irmãos e do pai me pôs distante.

Vagando a curva terra, o mar profundo,
Longe da Pátria, longe da ventura,
Minhas faces com lágrimas inundo.

E enquanto insana multidão procura
Essas quimeras, esses bens do mundo,
Suspiro pela paz da sepultura.

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e-) Romantismo:

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Características gerais:

  • Movimento burguês: estabelecimento da classe burguesa devido a Revolução Industrial e Revolução Francesa

  • Sobre burgueses, de burgueses e para burgueses

  • Três conceitos: Individualismo, liberdade e nacionalismo

  • Efusão sentimental sem preocupações formais, ímpeto

  • Inspirações, sonho, fantasia, subjetividade e emoção

 

Nacionalismo: No Brasil, Portugal e França

  • Valorização do elemento nacional

  • Idealização da natureza e das pessoas do interior do pais, homens bons

  • Valorização de bens culturais

  • Retomada da história, a formação dos estados: Portugal – Idade Média; Brasil – colonização

  • Gonçalves Dias – metrificação, ritmo

 

Individualismo:

  • A atitude do eu-lírico romântico é puramente egocêntrica

  • Sentimentalismo excessivo

  • Ultrarromantismo (relacionamento amoroso mal sucedido): fuga da realidade

                                                                                                                                               

Liberdade:

  • Arte engajada: função social

  • Denuncia de injustiças sociais e defesa da liberdade

  • Combate à escravidão (Brasil – crítica social, fase abolicionista, castro Alves)

  • Condor – de cima olha a sociedade e faz o seu canto

obs : ler obras pedidas da fuvest  - Almeida Garrett (Viagens na minha terra); Alexandre Herculano (Eurico, o presbítero); Camilo Castelo Branco (Amor de perdição)

 

f-)Realismo:

Contexto:

  •  Consolidação e fortalecimento da burguesia

  • Triunfo do capital industrial sobre o capital de comercio

  • Capitalismo avançando

  • Revolução industrial

  • Explosão Urbana

  • Ciência, progresso, razão                                                                                                                                                                            

Teorias do período:

  • Materialismo e cientificismo (opõe-se à religião)

  • Positivismo

  • Evolucionismo

  • Determinismo (comportamento humano determinado por fatores biológicos, ambientais)

  • Anticlericalismo (crítica ao cristianismo, comportamento de padres)

               

Características:

  • Objetividade (busca da verdade, observações, impressões sensoriais e análise)

  • Impassibilidade (autor neutro)

  • Personagem esférico x linear

  • Volta-se para a psicologia do individuo

  • Retrata e critica as classes dominantes

  • Temas contemporâneos

  • Exaltação sensorial (sinestesia)

  • Adultério como ponto de partida

  • Narrativa lenta

  • Predomínio de denotação e pouco usam de metáfora

  • Preocupação formal, clareza, equilíbrio, harmonia da composição.

Obs: não há poesia no Brasil, portanto, é substituída pelo parnasiano.

Em Portugal:

  • Questão Coimbrã (romantismo x realismo)

  • Castilho-Lisboa x Antero e Teófilo em Coimbra

  • Busca: Reforma da sociedade, crítica ao tradicionalismo vazio da sociedade, crítica ao conservadorismo da igreja, representação da vida contemporânea.

obs: ler obras fuvest - Eça de Queirós (A cidade e as serras, O primo Basílio, A ilustre casa de Ramires, Os Maias, A relíquia

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h-) Simbolismo: simultâneo ao realismo e parnasianismo

  • Necessidade de superar a visão puramente racionalista e objetiva da vida: busca de um modo suprarracional de conhecimento ,que penetrasse as camadas profundas do “eu” e traduzisse os mistérios da vida

  • Influência de Baudelaire, Rimbaud, Verlaine, Mallamé

Caraterísticas:

  • Decadentismo, Baudelaire – Schopenhauer

  • Subjetividade, individualismo, conflito eu x mundo

  • Nefelibatas

  • Mergulho do “eu profundo”

  • Para expressar sentimentos e vivencias inconscientes, buscam linguagem nova. Neologismo e uso de palavras pouco convencionais

  • Sugestão, linguagem indireta

  • Teoria de correspondências: sinestesia

  • A música antes de tudo, aliteração (repetição de som consoante), assonância, métrica, rima e instrumentos.

  • Verso: obscuro, implicações de sentidos de sons, ritmos, cores, vale pelas sugestões e não por suas descrições.

  • Cromatismo, especialmente a cor branca: vaguidão, mistério, espiritualidade

  • Misticismo: Astros, Alma, Infinito, Desconhecido e Religiosidade

  • Maiúscula alegorizastes(personificação) e uso de reticencias

  • Cruz de Souza: negro que sofreu muito preconceito e a marca dele é crítica social

obs : ler livro fuvest -  Camilo Pessanha (Clepsidra).

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​ i-) Geração Orpheu (1915 – 1927)

contexto:

  • proclamação da República de Portugal (1910) associada à instabilidade político-social e à emergência de forças cosmopolitas progressistas, marcou o Primeiro Tempo Modernista português - o Orfismo.

  • Os primeiros anos do século XX, em Portugal, foram marcados pelo entrechoque de correntes literárias que vinham agitando os espíritos desde algum tempo: Decadentismo, Simbolismo, Impressionismo etc. eram denominações da mesma tendência geral que impunha o domínio da Metafísica e do Ministério no terreno em que as ciências se julgavam exclusivas e todo-poderosas.

  • O ideal republicano, engrossado por sucessivas manifestações de instabilidade, foi se concretizando em 1910, com a proclamação da República, depois dos sangrentos acontecimentos de 1908, quando o rei D. Carlos perdeu a vida nas mãos de um homem do povo, alucinadamente antimonárquico [...]. E foi nessa atmosfera de emaranhadas forças estéticas, a que se sobrepunham a inquietação trazida pela I Grande Guerra, que um grupo de rapazes, em 1915, fundou a revista Orpheu. Eram eles: Sá-CarneiroFernando Pessoa, Lúis de Montalvor, Santa Rita Pintor, Ronald de Carvalho e Raul Leal. Seu propósito fundamental consistia em agitar consciências através de atitudes desabusadas que, em concomitância com as derradeiras manifestações simbolistas, iniciavam um estilo novo, ‘moderno’ ou ‘modernista’.

  • Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro foram os mais famosos participantes da revista Orpheu que deu origem à primeira geração do Modernismo português: o Orfismo ou geração Orpheu, cuja atuação, entre 1915 e 1927, coincidiu com a vigência da chamada “República Jovem”, a Primeira República portuguesa.

  • Desde 1910, com a queda da Monarquia, o país passou por um dos momentos mais fecundos e mais conturbados de sua história. Lisboa centralizou a captação das idéias modernas, numa efervescência intelectual que procurava assimilar os movimentos de vanguarda, provenientes do contexto mais amplo do Modernismo europeu.

 

Traços:

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     1.Hermetismo. Poesia "difícil"; rupturas sintáticas; ruptura do encadeamento lógico; poesia elíptica e alusiva, sem limitações normativas; ritmo psicológico, criado a cada momento, como descargas de vivências profundas, delírios emocionais; metáforas insólitas, aproximações imprevistas: "Tua presença é uma carne de peixe" (Mário de Andrade), "O meu porquinho da Índia foi a minha primeira namorada" (Manuel Bandeira).

     2. Integração poética da civilização material e do quotidiano. "Eia! eia! eia! / Eia electricidade, nervos doentes da Matéria!", "O binômio de Newton é tão belo como a Vênus de Milo. O que há é pouca gente para dar por isso." (Álvaro de Campos).

      3. Verso livre. A unidade de medida do ritmo deixa de ser a sílaba para basear-se na combinação das entonações e das pausas. Ruptura com a métrica tradicional: versos de duas a doze sílabas, com acentos regularmente distribuídos. O versolibrismo tem como precursores Rimbaud e Walt Whitmann.

Abolição da distinção entre temas poéticos, antipoéticos e apoéticos. Antiacademicismo, antitradicionalismo. Dessacralização da obra de arte, com predomínio da concepção lúdica sobre a concepção mágica. Presença do humor, através do poema-piada e do poema-paródia.

  • Na prosa, a ação e o enredo perdem a importância, em favor das reações e estados mentais das personagens, construídos por acumulação, em rápidos instantes significativos, ou através da apresentação da própria consciência em operação.

  • Tendência futurísticas, incorporação poética da civilização material (eletricidade, velocidade, maquina, avião, coragem, multidão)

  • Antepassadíssimo, antitradição

  • Escandalização do burguês

  • Derrubar formas artísticas tradicionais pelo escândalo

  • Não conseguiram afastar o nacionalismo sentimental (como o romantismo) e o regionalismo pitoresco

 

    Vanguardas europeias:

Cubismo: Tendência artística que influenciou escritores e artistas plásticos no início do século 20, o Cubismo deixou suas marcas ao imprimir novas técnicas narrativas que fragmentavam a realidade e permitiam uma desconstrução da visão clássica sobre o tempo e o espaço. Na Literatura Brasileira, sua influência pode ser percebida por meio da leitura do livro Memórias Sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade.

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Futurismo: Entre as outras tendências vanguardistas, o Futurismo, difundido principalmente por meio de manifestos (vide o Manifesto Futurista escrito pelo poeta Filippo Tommaso Marinetti), foi o movimento mais radical e subversivo. No Brasil, suas características podem ser encontradas na obra literária de Mário de Andrade.

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Dadaísmo: Criado na Suíça durante a Primeira Guerra Mundial, o Dadaísmo surgiu como resposta ao clima de instabilidade provocado pelo conflito bélico. Sua principal característica é a linguagem peculiar, permeada pelo deboche e pelos ilogismos dos textos, além da aversão a qualquer conceito racionalizado sobre a arte.

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Expressionismo: Tendência artística que valorizava a subjetividade, o Expressionismo surgiu no começo do século XX e foi representado por pintores alemães e franceses. Opondo-se à estética impressionista, os expressionistas preconizavam a arte como elemento legítimo para a expressão dos sentimentos do artista.

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Surrealismo: Surgido na França em 1924, o Surrealismo defendeu a criação por meio das experiências nascidas no imaginário e da atmosfera onírica. Na Literatura Brasileira, influenciou escritores como Oswald e Mário de Andrade e, posteriormente, Murilo Mendes e Jorge de Lima (escritores da geração de 1930).

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No Brasil, todas essas tendências foram chamadas de Modernismo, movimento que equivale ao Futurismo, para os italianos, e ao Expressionismo, para os alemães. Graças à Semana de Arte Moderna de 1922, o movimento de renovação tomou rumos definidos em nosso país, apresentando propostas consistentes.

 

Fernando Pessoa (1888 – 1935)

  • Ortonimo – ELE mesmo

  • Versos curtos, rendondilhos de gosto popular

  • Linguagem simples, clara, intima

  • Ritmo e combinações sonoras

  • Musicalidade

  • Conflito com o mundo

 

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     1.Alberto Caeiro

  • Mestre dos demais

  • Harmônico com o mundo, campestre.

  • Busca sentir e experimentar o mundo, não vê-lo pensa-lo.

  • Léxico simples, sintaxe simples, repetição

  • Tom doutrinário( quanto mais repetição, maior será a doutrinação)

  • Anulado pensamento -> sentir coisas

 

       2.Ricardo Reis

  • Autor clássico ( arcadismo)

  • Harmônico, bucólico

  • Racional

  • Léxico raro, latim

  • Carpie Diem, Locus Amoenus, Odes(exaltação), elegia

  • Lídia

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     3.Álvaro de Campos

  • Urbano, desarmonia com o mundo e consigo mesmo

  • Inquieto, irritado, por vezes melancólico

  • Poesia – prosa

  • Nunca está em bem estar

  • Impossível não pensar em nada

  • Referência a homossexualidade

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Mário de Sá Carneiro:

Dispersão

Perdi-me dentro de mim 
Porque eu era labirinto, 
E hoje, quando me sinto, 
É com saudades de mim. 

Passei pela minha vida 
Um astro doido a sonhar. 
Na ânsia de ultrapassar, 
Nem dei pela minha vida... 

Para mim é sempre ontem, 
Não tenho amanhã nem hoje: 
O tempo que aos outros foge 
Cai sobre mim feito ontem. 

(O Domingo de Paris 
Lembra-me o desaparecido 
Que sentia comovido 
Os Domingos de Paris: 

Porque um domingo é familia, 
É bem-estar, é singeleza, 
E os que olham a beleza 
Não têm bem-estar nem familia). 

O pobre moço das ânsias... 
Tu, sim, tu eras alguém! 
E foi por isso também 
Que te abismaste nas ânsias. 

A grande ave dourada 
Bateu asas para os céus, 
Mas fechou-as saciada 
Ao ver que ganhava os céus. 

Como se chora um amante, 
Assim me choro a mim mesmo: 
Eu fui amante inconstante 
Que se traíu a si mesmo. 

Não sinto o espaço que encerro 
Nem as linhas que projecto: 
Se me olho a um espelho, erro - 
Não me acho no que projecto. 

Regresso dentro de mim, 
Mas nada me fala, nada! 
Tenho a alma amortalhada, 
Sequinha, dentro de mim. 

Não perdi a minha alma, 
Fiquei com ela, perdida. 
Assim eu choro, da vida, 
A morte da minha alma. 

Saudosamente recordo 
Uma gentil companheira 
Que na minha vida inteira 
Eu nunca vi... Mas recordo 

A sua bôca doirada 
E o seu corpo esmaecido, 
Em um hálito perdido 
Que vem na tarde doirada. 

(As minhas grandes saudades 
São do que nunca enlacei. 
Ai, como eu tenho saudades 
Dos sonhos que não sonhei!...) 

E sinto que a minha morte - 
Minha dispersão total - 
Existe lá longe, ao norte, 
Numa grande capital. 

Vejo o meu último dia 
Pintado em rolos de fumo, 
E todo azul-de-agonia 
Em sombra e além me sumo. 

Ternura feita saudade, 
Eu beijo as minhas mãos brancas... 
Sou amor e piedade 
Em face dessas mãos brancas... 

Tristes mãos longas e lindas 
Que eram feitas pra se dar... 
Ninguém mas quis apertar... 
Tristes mãos longas e lindas... 

E tenho pêna de mim, 
Pobre menino ideal... 
Que me faltou afinal? 
Um elo? Um rastro?... Ai de mim!... 

Desceu-me nalma o crepusculo; 
Eu fui alguém que passou. 
Serei, mas já não me sou; 
Não vivo, durmo o crepúsculo. 

Alcool dum sono outonal 
Me penetrou vagamente 
A difundir-me dormente 
Em uma bruma outonal. 

Perdi a morte e a vida, 
E, louco, não enlouqueço... 
A hora foge vivida, 
Eu sigo-a, mas permaneço... 

. . . . . . . . . . . . . . . 
. . . . . . . . . . . . . . . 

Castelos desmantelados, 
Leões alados sem juba... 

. . . . . . . . . . . . . . . 
. . . . . . . . . . . . . . . 

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Indícios de Oiro

Esta inconstancia de mim próprio em vibração 
É que me ha de transpôr às zonas intermédias, 
E seguirei entre cristais de inquietação, 
A retinir, a ondular... Soltas as rédeas, 
Meus sonhos, leões de fogo e pasmo domados a tirar 
A tôrre d'ouro que era o carro da minh'Alma, 
Transviarão pelo deserto, muribundos de Luar - 
E eu só me lembrarei num baloiçar de palma... 
Nos oásis, depois, hão de se abismar gumes, 
A atmosfera ha de ser outra, noutros planos: 
As rãs hão de coaxar-me em roucos tons humanos 
Vomitando a minha carne que comeram entre estrumes... 

       *       *       *    

Há sempre um grande Arco ao fundo dos meus olhos... 
A cada passo a minha alma é outra cruz, 
E o meu coração gira: é uma roda de côres... 
Não sei aonde vou, nem vejo o que persigo... 
Já não é o meu rastro o rastro d'oiro que ainda sigo... 
Resvalo em pontes de gelatina e de bolôres... 
Hoje, a luz para mim é sempre meia-luz... 

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 

As mesas do Café endoideceram feitas ar... 
Caiu-me agora um braço... Olha, lá vai êle a valsar 
Vestido de casaca, nos salões do Vice-Rei... 

(Subo por mim acima como por uma escada de corda, 
E a minha Ansia é um trapézio escangalhado...). 

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     j-) Modernismo 2ªe 3ª Geração

Três grandes gerações de autores:  

1ª geração – o Orfismo : Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, Almada Negreiros e outros;

2ª geração – o Presencismo: José Régio, João Gaspar Simões, Branquinho da Fonseca e outros;

3ª geração – o Neo-Realismo: Alves Redol, Ferreira de Castro, Jorge de Sena e outros

 

Características:  

  • atitude irreverente em relação aos padrões estabelecidos;

  • reação contra o passado, o clássico e o estático;

  • temática mais particular, individual e não tanto universal e genérica;

  • preferência pelo dinamismo e velocidade vitais;

  • busca do imprevisível e insólito

  • abstenção do sentimentalismo fácil e falso;

  • comunicação direta das idéias: linguagem cotidiana.

  • esforço de originalidade e autenticidade;

  • interesse pela vida interior (estados de alma, espírito..)

  • aparente hermetismo, expressão indireta pela sugestão e associação verbal em vez de absoluta clareza.

  • valorização do prosaico e bom humor;

  • liberdade forma: verso livre, ritmo livre, sem rima, sem estrofação preestabelecida

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Presencismo:

  •  Presencismo, movimento literário português cuja designação e ideário estão vinculados à revista Presença, foi fundado em Coimbra pelos então estudantes José Régio, João Gaspar Simões, Branquinho da Fonseca e Adolfo Correia da Rocha. Posteriormente, outros nomes juntaram-se ao grupo, entre eles o escritor Adolfo Casais Monteiro, que, após a saída de Fonseca e Rocha (que então passaria a utilizar o pseudônimo de Miguel Torga), passou a integrar o corpo diretivo da revista. Ao apresentar o propósito de isenção ideológica e aceitar em suas colunas colaboradores de qualquer credo político, religioso e moral, a revista Presença gerou polêmica, pois, de acordo com intelectuais contrários à estética do Presencismo, tal atitude significava um retrocesso em relação ao modernismo órfico, cuja principal característica era a defesa de uma arte engajada.

  • Os presencistas defendiam um ideal de arte que muito lembrava a “arte pela arte”, conceito primordial da literatura produzida no século XIX. Contraditoriamente, buscavam atrelar o seu ideário às linhas avançadas da modernidade, espelhando-se nas correntes revolucionárias que eclodiram na Europa após a Primeira Guerra Mundial. Nomes como Proust, Max Jacob, André Breton, Reverdy, Jean Cocteau, André Gide, Dostoiévski, entre outros, influenciaram a criação de uma literatura introspectiva e intimista, próxima das teorias do inconsciente humano defendidas por Sigmund Freud e distante da literatura de ênfase social que tanto norteou a estética orfista. Esse distanciamento rendeu ao Presencismo o incômodo rótulo de “literatura alienada”, alheia à crise política, social e econômica enfrentada pela Europa àquela época.

Identidade

Matei a lua e o luar difuso. 
Quero os versos de ferro e de cimento. 
E em vez de rimas, uso 
As consonâncias que há no sofrimento. 

Universal e aberto, o meu instinto acode 
A todo o coração que se debate aflito. 
E luta como sabe e como pode: 
Dá beleza e sentido a cada grito. 

Mas como as inscrições nas penedias 
Têm maior duração, 
Gasto as horas e os dias 
A endurecer a forma da emoção. 

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Miguel Torga

 

  • O Presencismo associou-se a uma concepção de arte metafísica e abstrata na qual a subjetividade era mais importante do que a verdade objetiva ou racional, esse último conceito presente na literatura orfista. Guardadas as diferenças ideológicas, os escritores presencistas reconheciam a importância do Orfismo para a ampliação do panorama cultural português e para a ruptura definitiva com a tradição simbolista vigente. Divulgar as conquistas da primeira geração e consolidar o modernismo em Portugal foi a principal contribuição do Presencismo, estética que vigorou até o ano de 1940, mesmo ano em que a revista Presença deixou de circular e no mesmo momento em que o Neorrealismo ganhou lugar no gosto do público.

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     Neo-Realismo:

  • O neo-realismo foi um movimento artístico vigente no século XX. Era marcado por um ideal nitidamente esquerdista, filiado à doutrina de Marx, e se manifestou em diversas modalidades, como a literatura, as artes plásticas e a música, porém conquistou sua maior expressão no Cinema, especialmente no realismo poético francês e no neo-realismo italiano. No Brasil ele recuperou elementos realistas e naturalistas, inspirando-se em práticas modernistas, marxistas e na psicanálise de Freud. Esta literatura preserva o determinismo social e psíquico do naturalismo e também a comparação entre o ser humano e o animal, bem como o olhar objetivo e imparcial. Seus autores são acima de tudo militantes políticos e assumem posturas definidas no confronto de classes, delatando as desigualdades e as arbitrariedades da nata da sociedade. Em nosso país o tema principal é a condição delicada do povo nordestino, enfocada inicialmente por José Américo de Almeida na obra A Bagaceira, de 1928.

Autores e Obras do Neo-Realismo

  • Rachel de Queiroz: O Quinze; As Três Marias; Memorial de Maria Moura; A Donzela e a Moura Torta.

  • José Lins do RegoMenino de Engenho; Doidinho; Bangüê; Pedra Bonita; Riacho Doce; Fogo Morto.

  • Graciliano RamosCaetésSão BernardoAngústiaVidas Secas; A Terra dos Meninos Pelados; Infância; Memórias do Cárcere. 

  • Érico Veríssimo: Música ao Longe; Um Lugar ao Sol; Olhai os Lírios do Campo; O Tempo e o Vento; Incidente em Antares; O Arquipélago.

  • José Américo de Almeida: Reflexões de uma Cabra; A Bagaceira; A palavra e o tempo; Quarto minguante; Antes que me Esqueça; A Maldição da Fábrica.

  • Jorge Amado: Cacau; Mar Morto; Capitães da Areia; Jubiabá; Os Subterrâneos da Liberdade; Gabriela, Cravo e Canela; Dona Flor e seus Dois Maridos; Tenda dos Milagres; O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá.

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Romantismo
Trovadorismo
Humanismo
Classicismo
Pré Modernismo
Barroco
Arcadismo
Modernismo
Realismo
Simbolismo
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